“Revolução nas Feiras de Negócios - A era da experiência”
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“Revolução nas Feiras de Negócios - A era da experiência”

Atualizado: 29 de out. de 2021



Por RODRIGO ORQUISA


Afinal o tão esperado “retorno dos eventos” está acontecendo? Está próximo? Vai acontecer?


Muito se fala nos últimos meses sobre o avanço da tão sonhada vacinação e retorno à normalidade, mas não é segredo para ninguém que a vida como conhecíamos não retornará nunca mais!


Muitos estudiosos têm falado sobre a necessidade de as pessoas entenderem que a pandemia abriu as portas para outra realidade. Assim como foi com outras pandemias, os hábitos, o mercado, os setores, as pessoas e a vida como ela era, devem ser revisitadas e reinventadas.


Falando com a propriedade de quem vive o mundo das feiras B2B já há alguns anos, sendo extremamente apaixonado pelo setor e tendo passado por toda essa pandemia, vivendo os desafios que ela trouxe (evento cancelado com tudo pago, mandar evento pro youtube, plataforma de evento, evento híbrido e por aí vai) afirmo com convicção que os eventos de negócios mudaram para sempre e você, caro leitor, precisa aceitar isso!

Hoje especificamente no setor das feiras de negócios o desafio é gigantesco. Vivemos um tímido retorno à normalidade que, a cada dia, se mostra mais e mais desafiador.

Vocês devem ter notado grandes feiras pelo mundo afora confirmarem suas realizações presenciais ou híbridas no último semestre, empolgados com a retomada, mas gradativamente alguns vem adiando e postergando suas realizações para 2022.


Por quê? A conta é simples e ela é uma conta que não fecha!

Uma grande fatia do setor de feiras de negócios depende de patrocínios, o ticket/ingresso é uma parcela pequena do retorno financeiro e dentro do valor do patrocínio devemos contemplar tudo que uma feira demanda: locação de pavilhão, segurança, bombeiro, documentações, cenografia, palestrantes, artístico, staff, enfim a lista de custos é gigante, mas a receita resumidamente tem dois itens principais: patrocínio e venda de ingressos.


Alguns números para ilustrar o ponto que quero chegar:



  • Os protocolos sanitários pedem o distanciamento social, o que demanda mais espaço e custo por pessoa versus metro quadrado maior.


  • Os custos de insumos para A&B subiram MUITO.


  • O custo com protocolos de segurança podem representar cerca de 20% do custo total do evento.


  • A mão de obra está escassa, as pessoas precisam viver, e hoje uma boa parcela dos profissionais precisou migrar para outras áreas para levar o pão de cada dia para suas famílias e não se sentem seguras em voltar a viver de eventos ainda.


E não existem vilões ou mocinhos nesse contexto, o grande vilão é o vírus.


Os organizadores das feiras estão certos em querer retornar, afinal feiras de negócios e eventos são uma engrenagem importantíssima no motor da economia.


Por outro lado, os patrocinadores têm seus motivos para estarem receosos, afinal, o número de leads vai ser menor e com as cotas de patrocínio mais caras, o ROI pode consequentemente vir a cair, principalmente se compararmos com os números dos “bons tempos” de pré-pandemia. Além da preocupação com o bem-estar dos seus funcionários e clientes e com a reputação de suas marcas, preocupações totalmente genuínas e louváveis.


Pensa comigo: se o custo com os eventos estão mais altos e se os patrocinadores estão receosos com o retorno, como a conta vai fechar?

Eu não tenho a pretensão de dar a “receita do bolo” para um bom retorno, seria muito pretensioso da minha parte, o que pretendo é elucidar o porquê a volta dos eventos não será um “simples” retorno como muitos ainda esperam.


Lançando mão de licença poética diria que como tivemos a revolução industrial teremos agora a “revolução da experiência”, uma nova era para as feiras de negócios, onde muito do que era feito precisa e vai ser remodelado, por isso deixo três reflexões/desafios:


1. Promotoras – Como atrair patrocinadores e participantes?


Em primeiro lugar é fundamental agregar mais valor à entrega!


É preciso “subir a régua” na qualidade e ainda passar segurança com protocolos rígidos para atrair suas principais fontes de renda: patrocinadores e participantes.


É preciso informar com clareza e cumprir com rigor os protocolos para mostrar que sim, nós profissionais de eventos somos capazes de realizar eventos seguros!


Vender segurança e entregar descontrole, como vemos acontecer em alguns projetos, desmoraliza os profissionais envolvidos e prejudica a tal da retomada para os demais players.


Entregar a segurança prometida, garantir que os protocolos sejam respeitados e que o distanciamento recomendado seja possível é fundamental para conquistar a confiança dos patrocinadores. Caso contrário você vai continuar nadando contra a maré ou pior, prometendo coisas que o budget ou a tentação de ver a casa lotada não vai permitir entregar.


Além disso, com o aumento do custo de produção, o valor agregado ao meu produto também precisa subir, afinal vendemos um pedaço de chão de pavilhão com madeira e lona impressa ou vendemos experiência, networking e resultados?


Será preciso “vender” este cenário aos stakeholders.


2. Patrocinadores - O que eu espero deste evento?



Definir objetivos e afinar muito bem a expectativa da entrega é fundamental.


Se a sua resposta para patrocinar um evento é “porque sempre patrocinou”, “todo o mercado está lá” ou então “porque o evento sempre deu resultado” você está no caminho errado!


Ter clareza do que se espera do evento na nova realidade que ele me propõe é fundamental.


Além disso, quem patrocina também é responsável pela biossegurança sendo parceiro do promotor na aplicação dos protocolos e fiscalizador durante o evento.


Estamos num momento crucial, vivendo a revolução, por isso ambos os lados precisam estar muito alinhados quanto à expectativa x realização do evento, todo e qualquer deslize de protocolo neste momento pode colocar em xeque o retorno consistente de todo mercado de eventos.


Exijam, cobrem das suas promotoras a rigorosidade na definição prévia e garantia de aplicação dos protocolos.



3. Porque os shows artísticos atraem muito mais público do que as feiras neste momento de retomada?


Porque o produtor de um show não vende música, não vende o “face a face com o artista” (até porque a maioria dos espectadores só veem um pontinho no palco ao longe ou ele na tela de retorno) os shows vendem experiências, aquela experiência única que você vai levar pra sua vida e que em tempos pandêmicos inclui biossegurança.


Para o retorno dar certo cada etapa é fundamental, vacinação ampla, disciplina e engajamento das pessoas na adesão aos protocolos, regras e fiscalização efetiva durante os eventos, fiscalização essa que é responsabilidade de todos.


E como diria Roosevelt: “Faça o que você pode, com o que você tem, no lugar onde você está”...Não dá mais para esperar “quando tudo isso passar”. Let’s do it!!



* Rodrigo Orquisa é membro da Comunidade #Benchmice. Apaixonado por eventos e há 30 anos vivendo uma busca constante em deixar um mundo melhor do que encontrou. Graduado em Eventos e Pós Graduado em Comunicação e Marketing pela FMU. Atualmente Gestor dos Eventos da E-Commerce Brasil, dentre os quais o Fórum E-Commerce Brasil, maior evento de e-commerce da América Latina.


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